Resenha: Mulheres que não sabem chorar - Lilian Farias

Informações do livro:

Autor: Lilian Farias
Editora: Literata
Ano: 2014
Páginas: 170
Onde Compra: Editora Literata
Sinopse:

Mulheres Que Não Sabem Chorar conta a história de duas pessoas que se reconhecem como mulheres e que se amam em toda a sua plenitude. Desse amor renascem sentimentos que outrora fora reprimidos: dores; curas e anseios sobre o próprio amar e ser amada. Duas mulheres que precisam quebrar o pior e mais severo dos preconceitos: aquele que habita em nossas entranhas! 

Mais que uma relação homoafetiva, Mulheres que não sabem chorar nasceu dos meus 40 dias no deserto, durante todas as privações e isolamentos sociais. O deserto me ensinou a recolher e emanar as minhas ancestrais para me dar vida própria e encarar o mundo, depois soprei nas palavras da vida, que pulsava nas minhas veias, a força de Ísis.

Vamos a resenha:

“Muitas vozes são as nossas vozes. Nada e ninguém é capaz de calar a alma feminina; a essência feminina é natureza da própria terra.”

Marisa, uma mulher de 55 anos, que vive em uma rotina regrada, monótona e chata. Tem dois filhos, os quais cresceram e foram viajar para o exterior, onde ficarão por um bom tempo. Está "solteira" já há um bom tempo, claro que tem seus casinhos, porém nunca assumiu algo sério. E ainda por cima, vive em pé de guerra com a sua vizinha, Olga, há anos.

Olga, uma mulher com um passado nada bom de se lembrar, hoje é uma alcoólatra, sua única filha faleceu há pouco tempo e seu marido a abandonou há muitos anos por causa de seu vício. Olga, encontrar somente no álcool o conforto que tanto busca. Ela é conhecida por vagar pelas ruas, sempre bêbada, enquanto todos estão em suas casas, com seu familiares.

“Eu bebo para esquecer; esquecer aqueles que me esqueceram, esquecer da dor de ser esquecida. Sempre tive muito medo... aos poucos, desejei esquecer.”

Em uma certa noite, Olga é atacada por um maníaco, mas não consegue se defender, pois estava bêbada. Marisa, ouvindo os gritos sai de casa, pega um objeto e bate no agressor de Olga, fazendo-o desmaiar. Marisa ajuda Olga, cuidando dela. A partir daí um novo sentimento surge, mas será forte o suficiente para muda-las? 

Comentários:

“Elas se esperavam para brigarem; sinceramente, tanto ódio parecia mais amor.”

Bom, gostei bastante como a autora conseguiu explorar muito bem um dos temas mais polêmicos dos dias de hoje, que é a "Homossexualidade", como sabemos tem um romance homoafetivo no livro. Mas uma coisa que me surpreendeu foi que o livro não girou em torno desse tema a toda hora, não! Ela conseguiu me fazer refletir em vários aspectos da vida, principalmente em épocas onde as mulheres não tinham uma liberdade verdadeira( Não quero dar spoilers ), isso vocês saberão lendo o livro, rsrs.

“As dores continuam lá, as cicatrizes ainda estão abertas!”

O livro aborda vários aspectos da liberdade que as mulheres tem hoje, principalmente como foi a luta delas para ter esse direito que é delas(e de todos), o Livre Arbítrio. A história me deixou em vários momentos de boca aberta, teve cada cena... 

O final foi um dos mais... Triste, revoltante e ah!!! Fiquei pasmo e ao mesmo tempo revoltado com a autora, cara, han? Não sei dizer se gostei ou não, eu acho que não. Mas me fez refletir sobre como as pessoas agem quando vê sua vida perfeita se desmoronando, agem sem pensar nas consequências.

" 'Amai ao próximo como a ti mesmo' era só o que ela sabia dizer. Não amava a filha, não se amava e queria amar ao próximo."

Achei que a autora sobe criar os personagens perfeitos para esta história. Quase nenhum normal, poucos se salvaram, poucos( Não é pelo fato da "Homossexualidade", que não são normais, longe disso). Os personagens não são "normais", mais pelo fato de suas vidas, o passado em especial. Os cenários foram bem descritos e de fácil imaginação, gostei bastante da casa de Olga.

Adorei a Lilian, eu conversei com ela e soube dos preconceitos que trombaram com ela nessa jornada de escritora. Bom, considero o preconceito algo ultrapassado, e acho que devemos respeitar a escolha do próximo. Fiquei triste por saber que pessoas que se consideram "normais" a xingaram, desrespeitaram-na só por causa do livro que ela escreveu, que eu  achei perfeito.

“Jamais, Marisa nada mais era do que uma mulher que não sabia chorar.”

O livro é lindo, a capa é perfeita e esse título então... São folhas amareladas, em cada início de capitulo tem um nome de uma flor(Tem o significado de cada flor no final do livro), os capítulos não são longos, o tamanho da fonte é grande, fazendo a leitura passar mais depressa e fluída.

Perfeito!

O lançamento do livro será na Bienal de São Paulo, vá e confira!