Resenha: O Doador de Memórias - Lois Lowry

Informações do livro:

Autor: Lois Lowry
Editora: Arqueiro
Volume: 1
Ano: 2014
Páginas: 194
Onde Compra: Submarino, Saraiva e Buscapé
Sinopse:

Em O doador de memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína.
Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente.
Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.
Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

"– Mas o senhor tem de sofrer desse jeito o tempo todo – observou Jonas. – E com você será igual. É a minha vida. E vai ser a sua."

Jonas vive em uma sociedade totalmente organizada, onde não se pode errar e nem sentir. Tudo é controlado, organizado e igual. Não existi crime, amor, dor, simplesmente, não exite sentimento. Todos os anos, no mês de Dezembro, todas as crianças recebem diferentes tarefas e autonomias, de acordo com a idade que fazem. E, a ponto de completar seus dozes anos, Jonas está muito nervoso, já que será nesse ano que ele receberá sua atribuição, ao qual será para a vida toda, até a sua dispensa.

Mas algo incomum acontece e Jonas, na cerimonia dos dozes, é pulado pela anciã chefe e não recebe a sua atribuição, mas logo é explicado que isso ocorreu propositalmente. Pois a atribuição de Jonas é especial e rara e que houve muito trabalho para que ele fosse o escolhido, Jonas passará á ser treinado para ser o recebedor de memória e será treinado pelo Doador de memória, um velho que vive isolado e é só requisitado quando necessitam de sua sabedoria.

"Era quase dezembro e Jonas estava começando a ficar assustado. Não. Usara a palavra errada, pensou ele."

O Doador de Memórias foi uma leitura que me deixou tenso o tempo todo, sempre esperando algo acontecer que fosse por a vida do protagonista em risco. Mas devo dizer que isso não aconteceu da forma que eu esperava, percebi que o livro não foi feito recheado de ação, mas sim de reflexão, é um livro para refletir e pensar á respeito dos assuntos abordados.

Meus queridos leitores, vocês gostariam de viver em uma sociedade em que sentir fosse algo ruim? Que amar, odiar, fosse inexistente? Onde tudo é programado e seguido arrisca, onde tudo fosse de extrema organização e que erros não são tolerados? Sim, o livro nos faz pensar sobre essas coisas e muito mais. 

"– Jonas foi escolhido para ser o nosso próximo Recebedor de Memória. Nós lhe agradecemos por sua infância."

O livro possui uma narrativa em terceira pessoa e que nos envolve de forma muito assustadora, eu realmente me senti na comunidade onde Jonas vive e queria entender tudo o que fez aquela realidade ser real, porque nem as cores podíamos ver? A escrita da autora é impecável e nos deixa por dentro de toda sociedade que nos vermos inseridos. 

Sendo do gênero distopia, o livro, como a maioria, traz uma crítica á nossa sociedade e isso é bem tocável durante á leitura, como eu já disse acima, isso nos deixa á pensar se vale á pena viver em uma sociedade onde tudo é preto no branco. E, só por curiosidade, o livro teve sua primeira publicação em 1993  e, ainda, é muito atual.

Bom, como sabem, o livro teve uma adaptação no ano de 2014 e já vou adiantando que o livro é muito diferente do filme, e essa foi uma das razões por eu ficar tenso, pois estava esperando mais ação, coisa que não há muito. Mas, mesmo assim, o livro é uma ótima pedida para aqueles que querem algo mais calmo e reflexivo.

"A vida em que nada jamais era inesperado. Ou inconveniente. Ou fora do comum. A vida sem cor, sem dor, sem passado."

Os personagens foram muito bem explorados pela autora, ela soube mostra muito bem como eles agiam e como achavam tudo "normal", coisa que, para mim, era algo totalmente irreal. Meu personagem preferido foi o Jonas, gostei da forma que ele foi conhecendo o nosso real mundo, como foi se adaptando á isso. Os cenários foram muito bem explicados e de fácil imaginação.

Não tenho muito o que dizer da edição, pois eu li através de e-book, mas, em se tratando da editora Arqueiro, a mesma deve está linda e muito bem trabalhada.

Onde nada é sentido ou vívido, sem passado, sem dor ou alegria.